O outro lado que controla o corpo
humano
Joaquim Luiz Nogueira
O ato, a atitude e a postura do indivíduo significam também uma ponte,
um sinal ou abertura e até certa mediação com o invisível por meio da
imaginação e do fantasmagórico, que direciona e até motiva o ato. O gesto que
toca o eterno, também é a chave que abre a dimensão do tempo.
Lembramos que a visão do tempo pelo sentido humano, é algo que represa
ou fotografa, para depois armazenar na memória, desta maneira forma-se os
cenários, as perspectivas, lembranças ou pontos objetivos que fixam aquilo que
foi observado. Esta forma de recortar quebra a ligação com a origem, ou seja,
com a forma externa direta.
O elemento externo instaurador se coloca como antagônico ou adverso,
pois como algo pertencido ao ato fundador e eterno, e sendo, responsável por
gerar o processo, cujos resultados representam uma constelação de desejos
primordiais, reprimidos ou renegados, também denominados como fonte,
arquétipos, alma ou Real.
Desse modo, os desejos são as expectativas vigentes e antagônicas do
momento da criação da matéria ou corpo, na qual, congregou tais elementos
divergentes. Estes evocam e se alimentam de uma visão integradora, carregada de
possibilidades, já que tais características pertencem ao eterno, que não se
integra ao corpo do indivíduo.
Esta perspectiva integradora provoca no corpo o arrebatamento e
desencadeiam sentimentos diversos. Neste sentido, o corpo busca se conectar com
o trauma do momento em que se originou, numa tentativa de sanar a experiência
desagradável, e neste movimento circular no entorno do traumático e com a visão
integradora, já que esta agitação significa a sua incapacidade de
compreender- se ou de realizar-se, no trauma que sustenta tal oscilação.
A participação do indivíduo é algo no campo do planejado ou inesperado,
provocado fora de seu tempo e espaço, significa uma busca de realização de
objetivos frustrados anteriormente, no momento de sua origem. O invisível
oferece o impulso ao corpo, numa busca de atos nos quais sirvam de ponte entre
a matéria formada por elementos divergentes e a sua cura, ou seja, a
neutralização dos impactos, e assim, zerar as perturbações.
O objetivo do corpo é de criar uma vivência eterna, sem o tempo, isto é,
não sendo apenas um registro contínuo de fotografias da retina, mas uma visão
do “agora eterno”. Para isto, temos alguns elementos que podem nos colocar
neste espaço fora do tempo e do espaço:
- Amor: vai além da materialidade;
- Escolha: decide os contornos de seu destino;
- Perdão: significa a oportunidade para recriar-se;
- Altruísmo: desencadeia a transferência no sentido do objeto venerado;
- Destinação: acreditar na missão, assim suporta o sofrimento e vigora a
energia do corpo;
- Incorporação de verdades eternas: Ação de simbolizar para continuar
rumo a um objetivo;
- Sentir-se como um nada: cria-se horizontes de nulidade e inutilidade,
sendo o vazio, espaço da inventividade humana, lugar da mediação entre o nada e
a negatividade, lugar onde se esculpe novas ações, mesmo que impossíveis.
Segundo Jung, as configurações das iniciativas, as estruturas do
invisível, tais como as sensações de medo, prazer, preocupações, sonhos e
fantasias, todas elas são alimentadas por fontes que preexistem ao corpo e seus
órgãos, cujos comando estão fora do corpo, denominadas como potencialidades
simbólicas, arquétipos ou estampagens.