Numa lacuna entre a visão
consumista do ser humano e a capacidade imaginária livre, há certa fronteira que ultrapassa o corpo físico
e mergulha no universo animista, ou seja, no espaço que fica entre o visível e
o invisível, lugar povoado pela existência construída ou realidade, parceria
entre a mente humana e a qualidade do acreditar, e que, de alguma forma,
participa na edificação das ações visíveis.
A tentativa humana de
interferir ou interpretar certo universo, além da consciência corpórea, lança o
homem numa jornada rumo à eternidade. E isso abre uma lacuna entre o corpo
físico, cuja visão humana reconhece pelos órgãos do sentido, e, do outro lado
desse universo visível, escapa a compreensão da limitada mente.
Entre aquilo que a psique
humana conhece e manipula e o desconhecido, surge um campo rico para evolução
imaginária. Nele, tudo é possível, desde que possamos criar e dar materialidade
naquilo que geramos. Este livro se inicia pelas escadas animistas nas quais as
qualidades do mana carregam a capacidade para dar vida a uma infinidade de
seres visíveis e invisíveis a partir da imaginação.
O pensamento animista, tido
como infantilidade dos povos primitivos, segundo registros científicos
modernos, surgiu como necessidade para solucionar problemas reais de ameaças,
preocupações e medos, numa época que a linguagem e algumas técnicas
rudimentares complementavam o direcionamento entre líderes e seus grupos.
Ao considerarmos as imagens,
sons e sabores como manifestações sentidas, interpretadas e comunicadas em
ordem de importância, segundo contextos naturais, sociais, econômicos e
religiosos, a evocação de estados ideais desejados e a criação de símbolos com
objetos e amuletos correspondem às necessidades do corpo humano em cada época.
As incorporações pelos
homens se estabelecem pelo poder de sentimentos como amor e ódio, beleza e
estranheza, isto é, dependem do grau de grandeza e infinitude que se apresentam
diante da realidade humana. Assim como um céu estrelado e até mesmo a visão de
um oceano, cuja beleza destas visões, também podem tornar insignificante a
presença humana.
Tais grandezas despertam
analogias entre a potencialidade do homem e forças não controladas por ele. O
sentimento de nulidade diante da imensidão desconhecidas
desses abismos alimenta no ser humano a visão de liberdade, e essa,
transformada em símbolo, cuja materialidade pode ser um objeto ou o próprio
homem, constrói passagens rumo à eternidade.
Nesta obra,
buscamos os possíveis caminhos criados pelos homens, com a finalidade de
dialogar com o invisível, que, devido aos limites da compreensão humana,
rituais, sonhos, linguagens e códigos, foram criados para iluminar a travessia.
Livro Diálogos com o invisível
Venda email jolnogueira@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário