Joaquim Luiz Nogueira
Na
imagem acima podemos fazer uma leitura de sentido a partir da direita para
esquerda, tendo no alto, o destaque de uma coluna redonda, cujo término em
forma de esquadro, que segundo o wikipedia.org. “é um instrumento de desenho utilizado em obras
civis e que também pode ser usado para fazer linhas retas verticais com
precisão para 90°”. Logo abaixo, esta estrutura é encoberta por uma espécie de
marquise aberta em linha reta, que projeta abaixo dela a outra parte da imagem
que vamos analisar.
Da
esquerda para direita, temos uma pessoa que usa uma máscara branca, uma
vestimenta aberta, que visualiza o contraste entre as cores preta, vermelha,
cinza e o branco. Com seu rosto direcionado para o centro da imagem, porém,
para o observador que olha essa fotografia, sua visão é intercalada por uma
caixa em azul de tampa branca e contém um cartaz, escrito em vermelho a palavra "VACINA".
A
frente desta caixa, vários objetos na cor branca perdem o foco para a palavra
escrita em vermelho e que projeta acima dela duas pessoas cuja vestimenta e as
máscaras na cor preta, portanto, para o observador, sua visão começa na pálida
cor branca da mesa, passa pela cor azul e termina no cromado predominante da
cor escura.
E
avançando em direção ao centro da imagem, temos ainda sobre a mesa outra caixa
amarela com letras ilegíveis para o leitor, que termina no centro da imagem,
com uma pessoa sentada e braço esquerdo preparado para receber a vacina, porém,
seu rosto encara o fotógrafo e permite ao observador o contraste no seu corpo
das cores escuras, branca e vermelha de seu lenço, que mais acima se encadeia
com as cores azul claro e azul marinho das máscaras das duas pessoas logo atrás
dela , terminando com o grande quadro de cor azul e letras brancas e
amarela.
Na
frase escrita em branco, temos: “O cuidado é de cada um” e na cor amarela “O
benefício é para todos” Ambas as frases possuem aspas de início e final com o
símbolo da cruz na cor branca e com pontos de reticências no início, antes do
desenho. O símbolo da cruz é algo muito
rico de interpretações, porém, vamos ficar com as frases neste momento, a
primeira foca no indivíduo como ser único e responsável por aquilo que lhe acontece,
e a segunda, implica numa espécie de benfeitoria do mesmo sujeito, no sentido onírico
de atingir a totalidade.
A
terceira pessoa em pé no centro da imagem, inclina a cabeça e direciona seu
olhar para o braço da mulher em que está recebendo a vacina, que para o
observador da imagem, vislumbra somente as mãos do aplicador da vacina, cujas
luvas brancas se encadeiam com as mangas do jaleco entrecortadas por uma faixa
vermelha que parece atravessar seu braço neste momento, cujo fundo, é a cor da
escuridão contrasta a cena.
Acima,
o rosto do aplicador mostra ao observador o desenho de uma cruz azul na máscara,
tonalidade do céu, do banner ao fundo, da máscara do zé gotinha e da caixa da vacina.
Logo, a imagem que se inicia com os raios solares sobre a cor bege da marquise
aos poucos ganha as quatro tonalidades predominantes: preta, azul, branca e
vermelha.
Do
amarelo da caixa em cima da mesa, vamos para a frase de cor semelhante “O
benefício é para todos”, terminando esta tonalidade com a palavra vacina,
localizada no fundo do banner. Na imagem, o que é para todos, enfatizado em
amarelo, significa apenas uma pequena porção do quadro ilustrado ao alcance do
observador.
No
entanto, acima da caixa amarela, temos na camiseta de cor preta e o desenho de
uma cruz branca deitada e sobre ela a palavra “DEUS”. Desta maneira, a imagem
nos permite uma leitura cromática que nos denota o quanto que o momento demonstra
por certo obscurecimento, assim como, a vontade de pacificar com a escrita da “VACINA”
em cor vermelha, mais no cartaz de cor branca da caixa do imunizante. Logo, o
azul do céu que parece transbordar no fundo da imagem e nos símbolos de cruz
branca e azul, podemos dividir a figuração entre a cor bege da construção
humana (marquise) e a atmosfera azulada de um espaço infinito, marcado pelo símbolo
da cruz, ora na cor branca, ora na cor azul.
Desejo
de paz, mergulhado na intenção de um céu infinito, que se divide entre a construção humana e a profundidade de um gesto,
que reúne segundo a tonalidade azulada,
uma intercessão do céu ou de Deus.