Joaquim Luiz Nogueira
O ser humano enquanto aquele
que tem como pretensão a ideia de que vive num tempo real, talvez devesse
buscar entender um pouco mais sobre o quanto ele é dependente do elemento
mediador ou da linguagem simbólica para avançar neste processo pulsante que se
denomina como vida.
O simbólico mostra para o
ser humano o peso daquilo que lhe está ausente, a ferida aberta, o grito que
tenta organizar indicando o rumo. É a voz que segundo Jaques Lacan, denomina-se
de o grande Outro, sendo a fala advinda da cultura, família, tradição, entre
outras destes segmentos.
O clamor daquilo que está
ausente no ser humano e que se torna uma espécie de elemento responsável pelo
seu movimento de corpo, assim como, pela organização de sua rotina, transforma
o ser vivente em algo que nunca está completamente satisfeito, por mais que
faça, algo está sempre faltando.
O problema está na sua
incapacidade de capturar por completo aquilo que sua imaginação anseia e até
visualiza em imagens deslumbrantes, porém, não consegue dar conta da
compreensão desta linguagem que está além de seu limitado corpo. Lacan chama
isto de real ou resíduo que não pode ser eliminado, nem capturado.
E por último, o ser humano
que pensa ser o construtor de seu caminho, portanto, com seu esforço, ele cria
toda uma gama de objetos materiais, e assim, cerca seu espaço com relações de
proximidades com a realidade imaginada. Dessa maneira, sua realidade
fantasmática se aproxima da realidade por meio da representação ou da
interpretação de papéis ideais.
Tanto o cenário do mundo,
tal como o corpo, ambos são bastante frágeis para abrangência de uma imaginação
tão fértil, o que indica vestígios que o real que não damos conta de capturar e
nos empurram para uma realidade fantasmática, de algum modo, também, testemunhe
certo vínculo, talvez, o avatar de si mesmo, que comanda de outro tempo e
espaço.
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