A realidade nas praias do Estado do Espírito Santo e a greve dos policiais militares


Joaquim Luiz Nogueira 

A imagem do  Brasil na fotografia que estampa a capa do Jornal Folha de São Paulo no dia de hoje, 09 de fevereiro de 2017, oferece uma leitura magnífica da atual situação em que se encontra o país neste início de ano. Uma localização  privilegiada por um oceano e praias maravilhosas que fazem a transição  até um outro espaço que fica somente no imaginário da banhista e em seu  olhar fixo  em uma direção, cujas mãos seguram com firmeza seus pertences.
Equilibrando todo seu corpo apenas sobre  o pé esquerdo, forma um quinto elemento junto ao quadrado fixo da posição  dos soldados, o que denota uma postura de vigilância e de ordem, linearidade e precaução que se confirma em seu arranjo de coque no cabelo, recomendado para as mulheres que buscam a proteção dos fios contra a realidade forte do sol, na qual, a banhista nada pode fazer, apenas se adaptar.
Adaptação, camuflagem, representação, contraste, sobreposição, são palavras que definem esta imagem. Um espaço que é público, mas ao mesmo tempo, apresenta diversas placas de avisos e uma cerca que aponta que naquele único lugar há uma preocupação das autoridades em proteger e no restante  da foto os olhares dos leitores se lançam ao vazio.
Como o vazio é algo que provoca angustia ao ser humano, a imaginação logo providencia interpretações do tipo: que lugar lindo e com segurança? Será uma praia particular da banhista?
O fato de apenas um soldado olhar na direção do corpo da mulher manifesta que os demais  estão preocupados com o entorno, e isto, denota situação de perigo, porém, não de ataque, já que estão com as armas abaixadas. Não há outros banhistas na praia, nem lixo na areia, ou ambulantes, contrastando com uma larga faixa de pedestre e uma ciclovia, ambas vazias. E novamente, a imaginação do leitor pergunta: É Estado de Sítio? A volta da Ditadura ou toque de recolher?
O mar está calmo, a praia vazia. Poderia ser que a água está contaminada? Ou talvez, a segurança seria para a desova das tartarugas marinhas? Mas, o grupo de humanos concentrados no centro da fotografia manifesta a ideia de isolamento, denotando que estão sendo ignorados ou que ninguém mais deseja participar desta cena de representação.
Soldados do exército brasileiro fazendo a segurança da população na praia? Logo, de acordo com o histórico deste país, sabemos que esta não é uma linha de raciocínio válida, pois nos lembramos do Exército nas ruas apenas em situações de caos. Então, a imagem mescla uma praia exuberante, uma banhista que está de saída e soldados posicionados em estado de vigilância.
Concluindo, a imagem mostra o contraste de um espaço que deveria estar com muitos banhistas e ambulantes, porém, está ocupado por soldados do Exército, criando uma cena contrastante com a praia, e sendo capa de um jornal de grande circulação no país. Isto deverá chamar atenção de muitos cidadãos para uma reflexão sobre esta fotografia? Assim, espero. 


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